A atual IGREJA DA MISERICÓRDIA começou a ser construída em 1593.
A IRMANDADE E CONFRARIA DE NOSSA SENHORA MÃE DE DEUS DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA foi instituída em 1498 por permissão, consentimento e favor da ILUSTRISSIMA E MUI CATÓLICA A RAÍNHA D. LEONOR, – MULHER DO SERENÍSSIMO REI D. JOÃO, O SEGUNDO, QUE SANTA GLÓRIA HAJA”.
Em 1647, à data de um novo “COMPROMISSO”, foram feitas grandes obras de remodelação, altura em que no altar-mor foi colocado o extraordinário “RETÁBULO DA VISITAÇÃO” representando NOSSA SENHORA E SÃO JOSÉ na visita que fizeram a SANTA ISABEL e ao marido ZACARIAS (vide Lucas, 1-39) pais de SÃO JOÃO BAPTISTA.
Em 1743, sofreu remodelação conforme consta num documento do Cabido da Sé de Viseu, cujo teor é o seguinte:
“…O Provedor e Irmãos da Misericórdia de Vouzela, – porque a sua Igreja estava arruinada a mandaram reedificar; com dinheiro de Sua Majestade foi servido consignar-lhes nas “sisas” deste Concelho de Vouzela (Lafões), por esmola, por não ter a dita Misericórdia rendimentos alguns…”
Outras remodelações têm sido feitas interiormente, alterando toda a traça arquitetónica com que a Igreja tinha sido construída nas finas do século XVI.
Primitivamente, a partir de 1498, a igreja, de pequenas dimensões, existia noutro local, junto a um velho edifício que serviu de primeiro hospital, casa da roda, assistência à mendicidade, etc.
NO EXTERIOR, EM NICHO DA FRONTARIA:
Existe ali uma bela imagem de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO de pedra de ançã, com a Lua a seus pés;
NO ALTAR-MOR:
RETÁBULO DA VISITAÇÃO:
NOSSA SENHORA E S. JOSÉ visitam SANTA ISABEL e o marido ZACARIAS, pais de S. João Baptista.
(Esta cena vem em S. Lucas, I, -39)
NOTA: – Quando El-Rei D. Manuel I dedicou a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ao mistério da VISITAÇÃO quis, também, que todas as Misericórdias do Reino tivessem igual título;
NO ALTAR, DO LADO DIREITO:
NOSSA SENHORA DA SOLEDADE. É assim designada logo após a morte de seu filho JESUS CRISTO.
É uma imagem de construção bastante interessante, isto é, compõe-se de uma armação a que se adaptam vestes que lhe dão a forma de imagem como se fosse uma escultura de corpo inteiro;
NO ALTAR, DO LADO ESQUERDO:
NOSSO SENHOR MORTO, na base do altar em vitrine própria.
De tamanho natural, em madeira, é admirável pelo rigor anatómico e beleza de formas.
Na parte superior, logo atrás da mesa do altar, está NOSSO SENHOR a caminho do Calvário, carregando a cruz e, ao lado, sentada, está NOSSA SENHORA DA PIEDADE.
NA SALA DO DESPACHO DA MISERICÓRDIA:
Ali se encontra NOSSO SENHOR, com o manto escarlate e o ceptro de cana com que os soldados romanos se divertiam. Esta, a imagem, mais conhecida pelo SENHOR DA CANA VERDE.
NOTA: anteriormente ás obras de restauro, efetuadas por alturas de 1942, esta Igreja possuía além do altar-mor, mais quatro altares laterais:
“…O do Senhor dos Passos;
O da Senhora da Soledade;
O do Senhor da Cana Verde;
E o da Senhora das Dores”
No lado direito, entre um dos altares e a escadaria do altar-mor, existia uma longa bancada com quatro degraus a fim de dar acomodação a um maior número de fieis, onde se realizava a “cerimónia do lava-pés”.
No coro ainda existe o velho órgão, igual a muitos outros ainda existentes em diversas igrejas do País, e que hoje apenas ali representa uma “relíquia do passado”.
Como apontamento curioso, tomamos nota da apreciação feita pelo Mestre JAIME CORTESÃO, na altura da sua visita no ano de 1960:
“…A TALHA DO ALTAR-MOR da Igreja da Santa Casa da Misericórdia é típica da 1.ª fase do barroco nacional, sem influência estrangeira e, portanto, dos começos do século XVII.
Parece ser a mais antiga “TALHA” deste género, que se encontra na região.
Este tipo de ALTAR-MOR, com o seu retábulo, é muito raro. Encontra-se dentro do mesmo género, no Mosteiro de Tibães”.
A Igreja da Misericórdia esteve encerrada aproximadamente dois anos, tendo sido reaberta ao culto no dia 3 de Janeiro de 1960, depois de ter sofrido grandes obras de remodelação.
Foi preocupação dominante de quem orientou as obras fazer sobressair aquela magnifica talha e o respetivo retábulo, mandando dourar todo aquele artístico conjunto.
Encontram-se no Arquivo da Santa Casa da Misericórdia dois Documentos (“BREVE’S”) de Sua Santidade o Papa Urbano VIII.
No primeiro, datado de 13 de Setembro de 1636, emitido na Igreja de Santa Maria Maior (Roma), o Papa concede indulgência Plenária aos Irmãos da Confraria das Almas do Purgatório. Entre outras práticas, avulta a participação nas Festas de Santo Egídio e Santa Isabel.
O outro, com data de 13 de novembro de 1641, emitido na Basílica de São Pedro, Sua Santidade concede a indulgência Plenária aos Irmãos da Confraria dos Santos Passos do Senhor e, entre outras práticas, destaca-se a participação nas Festas de São Sebastião e Santo António.